WAGNER SANTOS - Da Folha de Pernambuco
SUSPEITO de praticar o crime, Eduardo Moura, 50, teria revirado todo o apartamento. Ele está sendo procurado pela Polícia Civil
Uma discussão seguida de muitos tiros. Foi o que aconteceu por volta das 11h40 do último sábado em um apartamento no edifício Grant's, localizado na rua Coronel João Manguinhos, em Bairro Novo, Olinda. A vítima foi a professora Izaelma Cavalcante Tavares, 36, e o suspeito é o seu ex-companheiro dela, um comissário da Polícia Civil Eduardo Moura Mendes, 50. De acordo informação de vizinhos, a vítima havia levado o filho o casal, de apenas 5 anos, para o apartamento dele, quando começou uma discussão. O policial teria quebrado várias coisas do imóvel. Foram ouvidos gritos de socorro. Logo em seguida, houve disparos. O apartamento ficou todo revirado. Eduardo Moura teria saído do local levando a criança no carro da vítima. "O menino ainda saiu com as mãos nos ouvidos, de tão assustado que estava", relatou uma vizinha que preferiu não se identificar.
Antes de entrar no apartamento, a vítima resolveu ligar para um rapaz, que prefere não ser identificado, com quem ela mantinha um relacionamento há cerca de um ano. Ele gravou toda a discussão e o momento exato dos disparos contra Izaelma. Ele contou que a vítima morava na mesma casa que o acusado, mas saiu de lá há pouco mais de um mês. Durante a confusão, o rapaz resolveu ir até o apartamento e ainda viu Izaelma ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros. Procurado pela reportagem da Folha de Pernambuco, o atual companheiro de Izaelma forneceu uma cópia do áudio que mostra a briga e o desespero dela após ser baleada. Durante os 33 minutos de gravação, ela discutia com o policial, conversava com a criança, e dava algumas orientações ao filho.
Pelo que se pode ouvir no áudio, Izaelma chegou a permitir que o filho fosse com o pai a um passeio. Mas, em algum momento, houve um desentendimento e ela acabou mudando de ideia. Isso deixou o policial desesperado, e em alguns momentos ele começou a pedir para que ela voltasse para casa, dizendo que a amava. Ele começou a chorar e discutir com ela, pedindo calma. "Amor da minha vida. Te amo, volta para casa. Volta hoje mesmo", dizia o policial na gravação. Em outro momento do áudio, após Izaelma decidir levar o menino, o policial começou a dizer ao garoto que ele iria, sim, com ele. Ao final da gravação, o som fica confuso, com o barulho de algo quebrando. Por alguns, segundos ouve-se o som do teclado do celular, como se ela estivesse digitando. Depois disso, ouve-se ainda gritos de desespero e a gravação foi interrompida.
"Ela morava com ele há cinco anos, mas não dormia nem no mesmo quarto, e ele não aceitava isso. Ela só estava lá, porque era coagida por ele", relatou o atual companheiro de Izaelma, que ainda mostrou um Boletim de Ocorrência com o registro de uma ameaça sofrida por ela e seu filho há pouco mais de um mês. Além disso, o rapaz contou que a vítima já havia procurado a Corregedoria da SDS, mas não obtiveram sucesso contra as ameaças do comissário. Ele contou que depois disso, ela resolveu sair de casa. "Ela estava sendo refugiada comigo, mas nossa relação já tem mais de um ano e ele não aceitava a separação", relatou.
Por meio da assessoria de Comunicação da Secretaria de Defesa Social (SDS) o delegado gestor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Joselito Kehrle, informou que ainda não existe uma linha de investigação formalizada para o caso, visto que a vítima encontra-se hospitalizada e o autor dos disparos continuava foragido. E com isso, não é possível afirmar qual foi a motivação do crime. A SDS informou ainda que parentes do casal e testemunhas deverão ser ouvidos, mas a prioridade no momento é a de prender e autuar o comissário, que já é considerado foragido. Até o fechamento desta edição, o suspeito não havia sido preso, nem o seu filho havia sido localizado.
Viatura capota durante socorro
FRONTIER teria colidido na traseira do carro de resgate
Depois de baleada, a mulher foi socorrida por uma viatura do Corpo de Bombeiros, acionada pelos policiais do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que chegaram ao local. E como se não bastasse ela estar gravemente ferida pelos disparos, o trajeto ainda foi prejudicado com o capotamento da viatura em uma colisão, por volta das 13h, com uma Frontier de cor prata, e placa PEP-9708, que cruzava a avenida Agamenon Magalhães. De acordo com o médico que dirigia o carro, André Lima, 32, a viatura passou no sinal vermelho. "Ainda tentei frear, mas bati na lateral traseira da viatura, e como ela vinha 'correndo' acabou capotando", justificou. O trânsito ficou parado por mais de uma hora até a viatura ser retirada.
Após acidente, a professora e os três bombeiros foram socorridos para o Hospital da Restauração (HR). Entre os soldados estava o socorrista Luiz Cristino Bezerra da Silva, que teve um corte na cabeça. De acordo com a assessoria de Comunicação do HR, ele passou por alguns exames, mas seu estado de saúde, até o fechamento desta edição, era estável, e deveria ter alta médica a qualquer momento. Já a professora, de acordo com informações da assessoria do HR, ela passou por cirurgia na noite do sábado e continuava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado gravíssimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se é vivo, comente